21 janeiro, 2008

Vencer o medo de falar em público através do treino

Vencer o medo de falar em público através do treino

Um artigo de Sérgio Aníbal publicado no site do Diário de Notícias

Um jornal realizou um inquérito junto de 3000 norte- -americanos para saber qual era o seu maior medo. Numa época em que os atentados terroristas, a criminalidade ou os desastres naturais ocupam um largo espaço nos media, esperava-se uma resposta concentrada neste tipo de preocupações. Mas não. O maior medo declarado pelos inquiridos foi, com 41% das respostas, o de falar em público.
Não há dados que permitam concluir que esta fobia pelo discurso perante uma grande ou pequena audiência se regista também em Portugal, mas o que é certo é que para cada vez mais pessoas, em todas as profissões, falar em público tornou-se uma tarefa indispensável para a evolução na carreira, da qual não se pode fugir e na qual, de preferência, convém ter um bom desempenho. Apresentações de projectos às chefias, discursos de motivação aos subordinados, participação em conferências do sector ou venda de um bem ou serviço a potenciais clientes são algumas das situações em que saber falar em público pode ser uma vantagem importante.
Mas, como vencer o medo de falar em público? E, se tal for conseguido, como tornar a apresentação útil e interessante para a audiência? Questionados os especialistas na matéria, duas palavras surgem sempre nas primeiras recomendações: preparação e treino. Se isto for feito, dizem, alguns dos receios mais usuais podem ser controlados. "Um dos medos mais frequentes é o medo de errar e de ser considerado pouco conhecedor pela plateia. É importante que o orador tenha noção que não pode saber tudo, mas ao mesmo tempo ajuda estar convencido que com a preparação e o estudo que fez, não é provável que haja pessoas mais conhecedoras sobre a matéria na plateia", afirma Wolfgang Lind, professor na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa e formador nesta área. O treino é também essencial, não só para ganhar confiança, mas também para corrigir erros. "Ajuda muito treinar, seja à frente de um amigo ou de uma câmara. ver a própria apresentação é uma das coisas que mais ajuda a corrigir erros", explica Maria João Carreira, uma das responsáveis da Falatório, uma empresa de formação especializada nesta área.
Captar a plateia logo de início
Mas estar tranquilo não basta. Um orador sem medo, mas que deixa metade da plateia a dormir, não retira qualquer vantagem para a sua carreira. Um dos conselhos principais passa por tentar tornar a apresentação apelativa desde o primeiro momento. "Uma plateia é um grupo de pessoas pronta a aborrecer-se e os primeiros três minutos são decisivos. Se forem bem ultrapassados, garantir o sucesso da apresentação torna-se logo muito mais fácil", afirma Maria João Carreira, que garante haver "muitos truques para conseguir isto".
Entre outras coisas, aconselha-se a utilização de alguns exemplos concretos, a apresentação de estatísticas e o recurso ao humor, sem exageros. "Uma piada, desde que seja adequada, ajuda a chamar a atenção do pública e coloca o próprio apresentador mais à vontade. Para quem tem medo de parecer ridículo - o que é muito frequente em Portugal - fazer uma piada pode servir como vacina", conclui Wolfgang Lind. C

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